ARTIGOS DE SEXUALIDADE - PARTE I - (12/11/2002)

ANORGASMIA FEMININA E ANTECEDENTES DE VIOLÊNCIA SEXUAL
Autora: Jaqueline Brendler- Ginecologista e Terapeuta sexual.

Analisar um universo de 07 mulheres tratadas por algum tipo de anorgasmia com antecedentes de violência sexual , em clínica privada.

Essas 07 mulheres anorgásmicas foram vítimas de 09 agressores sexuais, ou seja 71.12% delas foi vítima de um único agressor e 28.57% delas foram vítimas de mais de um agressor sexual.

O tipo de anorgasmia foi primário em 42.85%, secundária em 28.57% e coital em 28.57%.

Elas tinham o 3º grau completo em 42.85%, o 2ºgrau em 28.57%, o 1º grau em 14.28%. O 1º grau não havia sido concluído em 14.28% .

A idade média da procura do tratamento foi 25 anos e 1 mês, variando de 18 à 45 anos.
Eram solteiras e tinham namorado em 57.14 %, separadas em 14.28%, viúvas em 14.28% e casadas em 14.28%.

Os atentados violento ao pudor representaram 77.77% das violências e os estupros 22.22%.

A idade média em que ocorreu a violência sexual foi 10 anos e 4meses.

A idade média da ocorrência do atentado violento ao pudor foi 9 anos e 7 meses e do estupro foi 18 anos.

No momento da violência sexual 71.42 % delas moravam com a família de origem e 28.57% não o faziam.

Quanto aos agressores sexuais, nos casos de atentado violento ao pudor, o tio, o irmão e o namorado da mãe foram encontrados em 28.57%; inquilino da pensão da mãe em 14.28% Nos casos de estupro 50% foram efetuados por desconhecidos e 50% por agressores conhecidos da vítima.

As vítimas , na sua maioria, 57.14%, não contou para a família sobre a violência sexual. Apenas 42.85% contaram. A maioria delas, 66.66% não tiveram apoio da família. Em uma delas, 33.33% o apoio demorou a ser dado. Em nenhuma delas a violência sexual se tornou pública.

A duração média do relacionamento atual, com o parceiro sexual, era 2 anos e 5 meses. A maioria dos parceiros atuais, 57.14% não têm conhecimento da violência sexual e 42.85% sabem sobre esse episódio.

No inicio da terapia 100% das pacientes com anorgasmia não possuíam boa auto-estima.

Conclusões: 1*O atentado violento ao pudor é o tipo de violência sexual mais comum sofrido por mulheres anorgásmicas atendidas em clínica privada. 2* Deve ser pesquisado, em estudos contendo maior número de mulheres anorgásmicas com antecedentes de violência sexual , a ocorrência de “mais de um agressor sexual”. 3*A maioria dos casos de violência sexual foram efetuados por membros da família. 4.*Os estupros foram, em 100%, realizados por agressores não familiares, as vítimas eram mais velhas e foi usado mais força física. As conclusões números 3* e 4* estão relatadas, respectivamente, em Gold S.N. et all. Child Abuse Negl: 22 (10): 1005-12, 1988 e Fischer D.G; Mc Donald W.L. Child Abuse Negl: 22 ( 9 ): 915-29, 1998.

Anais da 3° Jornada Gaúcha de Sexualidade Humana e 3° Seminário Sulbrasileiro de Educação Sexual, de 25 à 27 de 2000, página 33.



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