ARTIGOS DE SEXUALIDADE - PARTE I - (12/11/2002)

A DISFUNÇÃO SEXUAL E O CASAL: CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
Dra. Jaqueline Brendler. Coordenadora do Núcleo de Sexologia da SOGIRGS .

Quando há uma disfunção sexual o vínculo conjugal torna-se fragilizado e essa fragilidade torna-se uma ameaça real de ruptura. Frente a essa possibilidade, os casais criam mecanismos inconscientes de defesa tendendo se afastar e a enxergar só os defeitos do parceiro, as qualidades desaparecem.

Isso acontece porque se ocorrer a perda do parceiro que não é mais tão admirável o sofrimento implicado será menor. Há uma preparação para um possível separação. Os casais apresentam os mais diversos grau de hostilidade do sutil ao grosseiro. A relação diádica deve ser melhorada.

Na minha estatística 35% dos casais os dois têm disfunção sexual mas mesmo se apenas um for disfuncional o “outro” sempre é cúmplice da disfunção sexual. Isso acontece porque é na presença “dele” que a disfunção acontece. Ele é o “o espelho do fracasso da pessoa disfuncional”. O parceiro habitual lembra, mesmo longe da possibilidade de coito, que não “estou inteiro”, que “não funciono”.

Com o tempo todos os outros “prováveis” parceiros se tornam uma promessa (falsa) de sucesso sexual. O parceiro disfuncional passa a associar o parceiro aos sentimentos ruins que teve no momento das tentativas infrutíferas.

De uma maneira maior ou menor, na maioria dos casos, há a contaminação do outro, no mínimo, no que se refere a baixa auto-estima. O parceiro sexualmente saudável, começa a se questionar sobre a sua “virilidade” pois a mede pela capacidade de dar prazer e satisfação a parceira. Muitos homens, erroneamente, se sentem responsáveis pela sexualidade de suas parceiras, o que diminuiu a sua auto-estima. O afeto também passa a ser interrogado pois eles concebem que a mulher vincula sexo com afeto e a toda tentativa de aproximação dele existe uma evitação dela. Um motivo importante para essa recusa é que ela é interpretada como uma aproximação sexual. A mulher disfuncional não esta disponível para o sexo e muitas vezes, nem para o afeto. O homem disfuncional também começa a desenvolver fobia de qualquer tentativa de aproximação sensual que é interpretada como sexual. A parceira sexual passa a duvidar do afeto e da fidelidade dele.

Se há no relacionamento um grau razoável de afeto a sexualidade pode ser modificada de modo se tornar mais “satisfatória” para o casal. Uma das primeiras tarefas de um terapeuta é “ouvir” e “observar” o casal. Como interagem? Qual a dinâmica do seu relacionamento?

Não menos importante é atuar nas fases específicas apresentadas pela pessoa disfuncional. Se um homem jovem apresentar disfunção erétil e após o “teste do viagra” for descartada etiologia orgânica, podemos sugerir que “fique eroticamente” com a parceira. A Focagem das sensações I e II, que é um toque sensual , sem associação com coito ou qualquer desempenho pode ser benéfico para despertar novamente a ereção. dela. Não deve existir qualquer pressão direta para o coito.

No vaginismo é necessário que a paciente fique tranqüila que só vai existir qualquer tentativa de coito quando ela sentir-se confiante. A sua normalidade anatômica deve ser assegurada. O parceiro pode participar do exame ginecológico. O casal deve receber informações sobre a anatomia e a fisiologia da resposta sexual humana à fim de esclarecer as dúvidas existentes. Ela pode ser instruída, primeiro sozinha e depois com a ajuda dele, à reservar um tempo, em casa, para sob relaxamento realizar a “Dessensibilização in vivo”. Uma das técnicas deste procedimento preconiza colocar os dedos dentro da vagina, inicialmente apenas um. Os exercícios de Kegel são importantes pois introjetam nela a possibilidade do comando voluntário da musculatura que circunda a vagina.

Anais da 3° Jornada Gaúcha de Sexualidade Humana e 3°Seminário
Sulbrasileiro de Educação Sexual, de 25- 27 de2000, página 27.


Todos os direitos reservados - Copyright 2002.
Proibido a reprodução sem autorização ( Inciso I do artigo 29, Lei 9610/98).

www.terapiadosexo.med.br - Dra. Jaqueline Brendler - (51) 99517.2044 - (51) 3228.0322