ARTIGOS DE SEXUALIDADE - PARTE IV - (07/06/04)

O HOMEM METROSSEXUAL E OS OUTROS HOMENS
Dra. Jaqueline Brendler - Presidente da SBRASH - Consultório - Telefone: (51) 3228.0322

Homens e mulheres têm como modelos principais de gênero os pais ou pessoas significativas mais próximas. Homens adultos, em torno dos 30 anos, foram criados por pais que, hoje, na maioria têm 50 anos de idade e, portanto, dentro de padrões ainda tradicionais de casamento, nos quais o pai era o principal provedor de uma família, mas que já possuía mães inseridas no mercado de trabalho. Homens, hoje, com 30 anos cresceram presenciando as conquistas femininas e convivendo em relacionamentos nos quais já havia um "borramento" leve dos conceitos e das obrigações do ser homem e do ser mulher, dos papéis femininos e masculinos tradicionais. Talvez dentro desse contexto, de um mundo cibernético no racional mas ancestral no emocional, possamos entender o surgimento muito lento de um novo comportamento dos homens que demonstram mudanças, seja no lado emocional, seja no lado estético. Mudanças no sentido de usar cremes contra rugas, fazer compras em butiques e se submeter à cirurgia plástica já foi constatado em pesquisas realizadas no mundo, em 75 países, pela Euro RSCG Worldwide. Nos EUA, 35% dos homens compram regularmente cremes antienvelhecimento e houve um aumento de 420% no número de lipoaspiração em homens do ano de 2001 a 2002. No Brasil, em 5 anos, o percentual subiu de 10% para 30%. Não estamos falando de tendências que facilmente nascem e morrem na aldeia global, estamos falando de homens que em um processo de mudança interna e externa, em um movimento em busca das suas próprias necessidades e desejos têm orgulho de se embelezar, de se cuidar fisicamente, sem perder a identidade de homem que é viril e que tem facilidade de fazer sucesso com homens e mulheres, embora seja heterossexual, tendo a flexibilidade de lidar bem com isso, pois são seguros da sua orientação sexual. Outro faceta desse homem contemporâneo consiste em demonstrar a sua sensibilidade, o que lhe permite chorar em público, falar de sentimentos, realizar atividades antes consideradas femininas, como cozinhar e cuidar das crianças ou dividir ativ idades domésticas. Mudanças no comportamento demoram décadas para acontecer. Simpson criou a palavra "metrossexual" em 1994, contudo foi em 2003 que ela ganhou popularidade em designar esse homem que ele descreve como urbano, vaidoso, com característica femininas mais pronunciadas e muito corajosos em assumir essas mudanças. A excessiva autovalorização e vaidade são sujeitas a críticas e não estão presentes em todos as variações dos "metrossexuais", pois há "outros novos homens" que buscam conquistas estéticas aliadas a uma maior sensibilidade sem serem narcisos.

Esses "novos homens" parecem ter um exterior que reflete a sua essência interna, mais sensível, e mais identificada com o seu lado feminino que com o antigo estereótipo do homem "macho" durão e insensível. Sabe-se que se torna duradouro somente o que for verdadeiro, devemos esperar e observar quais dessas características serão incorporadas ao comportamento de um maior número de homens.

Anais da 7ªJornada Gaúcha de Sexualidade, 13 a 15 de maio de 2004, Porto Alegre, resumo, página 24.


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