A NOVA RESPOSTA SEXUAL FEMININA BASEADA NO "MODELO CIRCULAR" E A CLÍNICA SEXOLÓGICA.
Dra. Jaqueline Brendler. Presidente da SBRASH. Advisory Committe of WAS.
Toda queixa sexual tem potencial de desencadear algum tipo de conflito pessoal e/ou interpessoal, principalmente quando fica consciente para ,no mínimo, uma das pessoas que compõe o par.
É comum casais procurarem ajuda dizendo possuir um único problema sexual e o psicoterapeuta diagnosticar outros problemas sexuais e não sexuais, que deverão ser trabalhados durante o tratamento fazendo o mesmo possuir êxito. O profissional deverá observar como o casal interage. Qual a dinâmica do seu relacionamento ? Qual o grau de diferenciação da família de origem, para os dois? É semelhante ou um deles é mais conectado e isso está gerando conflito? Em qual estágio de desenvolvimento da intimidade o casal se encontra ? ( Eles estão fusionados? Há invasão dos limites do outro? A identidade de um é submetida ao outro? Eles estão diferenciados um do outro de modo a terem vidas separadas e só formam um casal na hora da transa ? Há uma família estabelecida mas não há um casal , além do ato sexual ? Há tolerância para as diferenças do outro mas sem um interesse profundo para com o outro? ). Se o casal apresentar aprovação e uma conexão mais profunda com a identidade , o comportamento e as diferenças do outro será mais fácil trabalhar as questões sexuais, pois a intimidade está mais bem resolvida.
Devemos ainda nos questionar se a queixa sexual acontece em somente um do par ? Desde quando o problema sexual é percebido ? Desde quando há o sofrimento consciente ? Eles já tentaram algum tratamento ? Se apenas um deles tem um diagnóstico de disfunção sexual, qual a leitura do outro ? Está disposto a colaborar ? A queixa sexual é motivo de brigas ?
Entre os principais ingredientes para o sucesso do tratamento é existir um grau considerável de afeto entre os dois e uma boa motivação para resolver a conflitiva sexual. A literatura e a clínica sexológica nos mostram que muitos casais vivem "equilibrados" dentro de um quadro disfuncional bilateral ou unilateral e o tratamento irá romper esse "status quo". A resolução da questão sexual de um deles fará com que o casal reinvente o seu relacionamento, freqüentemente, de maneira saudável. Uma disfunção "leve" que não causava sofrimento , pode agravar-se quando o outro parceiro disfuncional torna-se saudável e desejar usufruir a sexualidade plenamente.
A linha cognitiva comportamental, além da psicoterapia permite ao terapeuta sugerir "temas-de-casa", para serem realizados pela pessoa disfuncional e/ou pelo casal e será a sua sensibilidade e experiência que ira nortear as escolhas e o momento certo. Esses exercícios sensuais/sexuais irão permitir ao casal descobrir uma comunicação não-verbal (sexo não é também uma questão de pele? de tato ? ), novos comportamentos sexuais, irão aumentar a memória positiva sexual do casal , o que contribuirá para solidificar essa nova e mais satisfatória sexualidade adquirida .
A terapia sexual feita pelo par encurta o tempo de tratamento, pois o psicoterapeuta irá trabalhar com dois e com a terceira entidade que é o casal inseridos nos seus vários contextos
Anais do X Congresso Brasileiro de Sexualidade Humana, de 15 a 17 de Setembro de 2005, Porto Alegre, Brasil, página 46.
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