"CARDÁPIO SEXUAL": UM NOVO TRATAMENTO BASEADO NO "PENSAR EM SEXO" PARA MULHERES COM DESEJO SEXUAL HIPOATIVO (HSDD).
Dra. Jaqueline Brendler. Presidente da SBRASH . Comitê de Ética da FLASSES.
A autora propõe que algumas mulheres com Desordem do Desejo Sexual Hipoativo ( HSDD) têm como origem dessa disfunção a falta de identificação com a "mulher sexuada"(1) e sugere, para essas mulheres , sem outra disfunção sexual além da fase do desejo , um novo tratamento.
Para identificar-se com "a mulher sexuada", a mulher necessitará ressignificar a sexualidade através da psicoterapia .O "cardápio sexual", aqui sugerido, faz parte dos "temas-de-casa" que são propostos como integrante da psicoterapia da linha cognitiva comportamental .
Sabemos que o desejo sexual pode ser desencadeado por inúmeras vias , no entanto, no tratamento inicial, de uma mulher com HSDD, não podemos principalmente usar o tato, o jogo sexual e o coito , pois ela poderia se sentir-se pressionada ou violentada .
O tratamento é baseado no "pensar em sexo" através da criação de um "cardápio sexual": um repertório de cenas eróticas. Para isso são sugeridos uma lista de filmes, com 2 a 3 cenas de sexo e/ou uma lista de livros com algum conteúdo sensual /sexual.
Na Etapa 1: A mulher é instruída a melhor administrar a sua agenda diária , a fim de escolher ou criar um espaço de tempo, no qual esteja relaxada e sozinha, para que faça uso do material sugerido, sem pressa. Se estiver utilizando um filme, ela deverá, ao final, rebobinar e olhar , isoladamente, as cenas sensuais/sexuais. Se for escolhido um livro, ela deverá pensar , isoladamente, nos parágrafos que têm um conteúdo erótico. Ela anotará as cenas dos filmes/ os parágrafos dos livros de que gostou . Exemplo: ( Filme: "O amante"- cena 1 ). Desse modo, ela criará uma lista pessoal que contém cenas/parágrafos com conteúdo sensual /sexual que lhe agradam. Todos os sentimentos, os conflitos, as dificuldades e os progressos serão discutidos durante a terapia.
Na Etapa 2: Ela recorrerá ao "cardápio sexual" e os verá/ lerá , repetidamente, durante os "temas-de-casa", enquanto a psicoterapia prossegue.
Na Etapa 3: Ela pensará, várias vezes, durante o seu dia/noite, nas cenas eróticas escolhidas e que compõem o seu "cardápio sexual". Essa etapa é de uma complexidade maior. O terapeuta poderá sugerir horários , para a mulher "pensar no cardápio", o que facilitará o desenvolvimento do hábito de "pensar em sexualidade" de uma forma positiva.
Conclusões observadas: Ao pensar no "cardápio sexual" criado ,várias vezes, por dia, a mulher criará o hábito de "pensar em sexo" , tornar-se-á mais receptiva ao parceiro , como também poderá criar oportunidades sexuais, motivada pelo situação "erótica da mente".
Bibliografia: 1- Brendler, J. A ausência de identificação feminina com a "mulher sexuada" aparece em relacionamentos de longa duração. RBSH. Vol. 13 , n° 1 : 15-19, 2002.
Anais do X Congresso Brasileiro de Sexualidade Humana, de 15 a 17 de Setembro de 2005, Porto Alegre, Brasil, página18.
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