ARTIGOS DE SEXUALIDADE - PARTE I -
(12/11/2002) |
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O QUE MUDOU NA RESPOSTA SEXUAL FEMININA ?
Autora : Dra. Jaqueline Brendler – Ginecologista
e Terapeuta sexual.
A resposta sexual humana inicia com a fase do
desejo sexual. Este pode ser desencadeado pelos
órgãos dos sentidos (visão,
audição, tato, olfato, paladar),
pela memória e por fantasias sexuais. São
estimulantes do desejo: a paixão, a atração
sexual, a estimulação física,
que na mulher inclui o estímulo no clitóris.
São inibidores do desejo sexual: a raiva,
o stress, a falta de testosterona, a falta de
atração física ou a falta
de estímulo físico-psíquico
(Kaplan, 1995). Em fêmeas de ratos e camundongos,
a ação da progesterona e da dopamina
no hipotálamo facilita a receptividade
sexual. Mani et al (Science, 287, 1053-56, 2000)
relata a necessidade da ativação
da DARPP-32 como um passo obrigatório na
facilitação da receptividade sexual
nestes roedores. Sugere um notável sistema
regulado pela progesterona no cérebro,
induzindo comportamento sexual. Conforme Meredith
, J. M. et Al (J. Neurosci 18, 10189, 1998), ocorre
aumento das células fosfoimunoreativas
da DARPP-32 em receptores de progesterona após
estimulação cérvico-vaginal
em áreas hipotalâmicas. Fienberg
, A. A. et al. afirma que a DARPP-32 tem um papel
central na regulação da eficácia
da neurotransmissão dopaminérgica
(Science, 281, 838-842, 1998).
A subsequente fase da excitação
só acontecerá de modo satisfatório
se a mulher permitir perceber, como mentalmente
excitante, o jogo erótico. É igualmente
importante o estímulo em todo o corpo,
o que inclui o clitóris, inclusive durante
a penetração vaginal. Nesta fase,
a mulher poderá experimentar um aumento
da tensão muscular, da freqüência
cardíaca, da freqüência respiratória,
assim como aumento de sensibilidade nas mamas
e ereção do mamilo. Haverá
uma vasocongestão genital que provocará
a separação do útero da bexiga
e posteriormente uma elevação do
útero na linha média, de modo a
alongar a vagina. Ocorre a formação
de um receptáculo – a bacia seminal
- na porção terminal da parede vaginal
posterior. A vasocongestão genital promoverá
a lubrificação vaginal. O’Connell
, H.E. ( The J. of Urology, 159, 1892-97, 1998))
sugere, após dissecações
em cadáveres, que os componentes do clitóris
estão em 3-D. Descreve que a uretra feminina
está inserida na parede vaginal anterior
e que é rodeada em todas as direções
por tecido erétil. Isto explica por que
as mulheres sentem excitação ao
estímulo na parede anterior da vagina.
Defende que os bulbos do vestíbulo estão
intimamente relacionados ao clitóris e
à uretra e não formam o núcleo
dos lábios menores. Isto sugere uma nova
nomenclatura: bulbos do clitóris. Cita
que em mulheres pré-menopáusicas
os bulbos são volumosos, facilmente identificáveis
e cobrem a parede vaginal distal. Nas pós-menopáusicas,
em contraste, os bulbos relacionam-se quase que
exclusivamente com o clitóris ou a uretra.
O orgasmo não é só um reflexo
biológico. Ele tem um outro componente
extremamente importante que é a percepção
prazerosa do clímax. A mulher tem o potencial
de possuir mais de um orgasmo durante um único
relacionamento sexual. Interferem no orgasmo feminino
principalmente a distração e a falta
de conhecimento sobre sua melhor maneira de se
obter prazer, uma vez que muitas mulheres não
se masturbam. Durante o orgasmo haverá
contrações tônico-clônicas
em todo o corpo e espasmo carpopedal nos membros.
Na genitália feminina haverá contração
do músculo elevador do ânus, promovendo
assim contrações na uretra, vagina
e anus. O útero também apresentará
contrações. As contrações
vaginais são fortes e regulares: mín
3-5, máx 10–15, e se repetem em intervalos
de 0.8 segundos. Leitura sugerida: Rosemary Basson.
Journal of Sex & Marital Therapy, 26: 51-65,2000.
Anais da 3° Jornada Gaúcha de Sexualidade
Humana e do 3° Seminário Sulbrasileiro
de Sexualidade Humana, 25 a 27 de maio de 2000,
página 7. |
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